Friday, September 24, 2010

Espanha atrai brasileiros para ajudar a repovoar 'cidades-fantasma'


Pelo menos 15 pequenos municípios espanhóis ofereceram ou estão oferecendo casa, emprego e até dinheiro a famílias de imigrantes para tentar repovoar suas ruas.

Madrid - Famílias brasileiras com crianças estão aproveitando a oferta de benefícios feita por vilarejos da zona rural da Espanha que correm o risco de desaparecer por causa da falta de habitantes jovens.

Pelo menos 15 pequenos municípios espanhóis ofereceram ou estão oferecendo casa, emprego e até dinheiro a famílias de imigrantes para tentar repovoar suas ruas. O governo diz que pelo menos 2.648 municípios enfrentam o mesmo problema de falta de população jovem e que, por isso, ganharam o nome de "cidades-fantasmas".

Em Lorcha, vilarejo de 735 habitantes encravado em uma montanha do leste da Espanha, as paranaenses Adelle, de 8 anos, e Camille, de 10, além de outros sete equatorianos, ajudaram a manter aberta a única escola local. Sem esses alunos imigrantes, as 24 crianças nascidas na cidade precisariam percorrer 18 km até a escola mais próxima.

A Prefeitura de Lorcha deu à mãe das meninas, Sônia Regina Matos Farias, uma casa grátis e um emprego de faxineira a 7 euros por hora (cerca de R$ 21).

"É necessário oferecer algo convincente. Quem vem para cá chega para ocupar nossos vazios. Só pedimos que sejam jovens e com filhos porque senão esses lugarejos estarão condenados ao esquecimento", disse à BBC Brasil o prefeito de Lorcha, Guillermo Moratal.


Primeira oferta veio de Aguaviva


Em Ayódar, no litoral mediterrâneo, outras duas crianças brasileiras, Fernanda, de 11 anos, e Luana, de 6, ajudaram a evitar o fechamento da escola local.

Elas pertencem a um grupo de quatro famílias eleitas entre 182 candidatas, aceitando a proposta de ajudar a repovoar a aldeia de 238 habitantes em troca de casa, trabalho e um cheque de mil euros (aproximadamente R$ 3 mil).

A primeira "cidade-fantasma" a lançar uma oferta para repovoar suas ruas foi Aguaviva, no centro-leste do país, que, em 2000, ofereceu passagens aéreas, refeitório para as crianças, aluguel subsidiado e emprego para os pais. Em seis anos, a cidade ganhou 150 novos moradores, todos imigrantes

O sucesso da ideia levou outras prefeituras a lançar propostas semelhantes através da imprensa. Hoje, cerca de 80% dos municípios com problemas de envelhecimento da população e falta de jovens estão recebendo famílias imigrantes.

O município de Ponga, no noroeste da Espanha, chegou a oferecer 6 mil euros (cerca de R$ 18 mil) a cada família com ao menos cinco filhos, mais um extra de 3 mil euros (aproximadamente R$ 9 mil) para cada criança nascida na cidade, com um contrato de permanência na aldeia por cinco anos.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, os menores em idade escolar nascidos em outros países já ocupam 8,4% do total de vagas dos colégios públicos espanhóis, dez vezes mais do que há uma década.

A última oferta das aldeias-fantasmas anunciada na terça-feira passada na imprensa espanhola é a de Monreal de Ariza, no centro-leste. A Prefeitura dá casa a famílias com filhos pequenos, mas não garante empregos.

Notícia de 08/05/2009 retirada do site Portugal Digital.

No comments:

Post a Comment