Thursday, September 29, 2011

Carlos Sezões - Coesão Territorial… praticamos aquilo que defendemos?


Temos assistido, nos últimos anos, a uma discussão centrada na justificação de manter determinados equipamentos nas regiões menos populosas e por vezes esquecidas do Interior – desde os centros de saúde, às estações de correios e às escolas básicas e muitas outras.



As escolas, como estruturas de suporte à educação, em locais envelhecidos em que as crianças começam a ser a excepção, são os símbolos mais fortes deste dilema. Se, de facto, encontramos aqui instituições que preenchem todos os requisitos pedagógicos e que, estando localizadas em regiões isoladas, assumem uma função determinante para o desenvolvimento de pequenas comunidades rurais, talvez o caminho seguido, o do encerramento, não pareça afinal tão óbvio.
Isto leva-nos à velha discussão sobre a coesão territorial, isto é, a nossa capacidade tornar as várias regiões deste pequeno país relativamente equitativas em termos de oportunidades de desenvolvimento, reduzindo as disparidades existentes e promovendo, dentro do possível, a cooperação entre elas. Se considerarmos, no limite, que um País é apenas o conjunto das suas pessoas, podemos acantonar os 10 milhões de portugueses na faixa litoral e poupar o que se gastaria em estruturas no resto do território. Mas o País é também o seu espaço e, como é hoje de bom senso concordar, a qualidade de vida e desenvolvimento sustentável de uma população aumenta com a uma visão integrada que promova os vários territórios e os torne atractivos, essencialmente em termos de habitabilidade e empregabilidade.
É por isso que, quando leio ou ouço os casos acima mencionados fico sempre com a convicção que existe aqui uma gravíssima miopia política e estratégica. Se nos resignarmos apenas a fazer contas à demografia e à economia pública, vamos continuar a retirar os equipamentos públicos essenciais e promover o abandono de boa parte do nosso território.
E qual a resposta? Não há soluções mágicas, mas não é preciso muita imaginação para perceber que deveríamos muitas vezes fazer raciocínios inversos. Em concreto, pensar a nível macro, regional, e fazer apostas concretas, investindo em criar ou manter infra-estruturas básicas para a competitividade regional e para a qualidade de vida dos respectivos habitantes. Fazê-lo criando soluções inter-municipais e reduzindo muitos dos desperdícios que por aí ainda se fazem. Se continuarmos, pelo contrário, pela via do desinvestimento constante, ainda teremos no interior de Portugal o deserto que um certo ministro em tempos profetizou. 

Carlos Sezões
in www.dianafm.com
28 Setembro 2011

Monday, September 19, 2011

Miguel Sousa Tavares fala sobre a importância das Universidades no combate à desertificação do interior